Seja bem-vindo. Hoje é

ANTOLHOS



ANTOLHOS



o critério é subjetivo,
no modo subjuntivo,
se

ela gostasse,
ele gostasse,
todos gostassem,

(mas)
os parênteses atrapalham
e a lógica circundante
muda com o batimento cardíaco.

nada pode restar
quando a persiana permite
apenas um ângulo do real.

as visões e certezas
são meros abismos.
convido-te a sair da masmorra.
-não precisa descer-
pode jogar as tranças:
as palavras subirão por elas.



Karla Bardanza






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DAS DELICADEZAS DO SILÊNCIO



DAS DELICADEZAS DO SILÊNCIO



se não te falo sobre isso
é porque o vento não deixa,
a lua se esconde,
as palavras deitam de bruços.

tenho tentado arduamente
ser igual e plural,
ser a concha e a mão que segura
a concha.

veja bem os adultérios
desta vida, a paixão da liberdade.
é  sempre mais delicado fingir,
 vendar os olhos apenas com poesia
e açúcar porque quando
as estrelas caírem,
( e elas sempre caem)
não será mais minha culpa.

Karla Bardanza



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Rostos dos dois lados, quase gente.
Chão desenhado preto e branco,
fúria mansa em janeiro.
Tudo sempre impenetrável.
Ela reage pouco aos estímulos:
luz.Luz?

Pega o ônibus e vai.
(pra onde ela vai?)
Janela toda aberta,
vento quente, unhas por fazer.
Para além das esquinas,
muito nada, outdoors,
ruas assombradas, pedrinhas no
caminho.

Sua face é de ovelha,
é de raposa, é de loba,
é de cobra, é de barata,
é de vampira, é deformada,
é branca, é amarela, é isso.
É isso.

Quando tateia a blusa,
procura o que ainda existe,
lendo a pele em Braille.
Desce do ônibus,
já armada:
o último leão é morto.
Mas, é ela quem jaz arrependida,
cansada,
cansada de viver.

Chuveiro frio,
comida fria,
existência sem essência,
filosofia de última hora:
o inferno são os outros,
as outras e ela mesma
das 5 até a hora que fecha.
Fecha os olhos,
respira, odeia, odeia
odeia.
Há uma grande extensão
de luzes morrendo pela janela.
Há.

Karla Bardaza



.


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ALGUNS YESTERDAYS ATRÁS




ALGUNS YESTERDAYS ATRÁS

Ele é a minha versão masculina revisada e com um tremendo upgrade,
e tem coisas que eu não tenho como uma vocação genuína pra moldar
a alegria. Quando o fito é sempre com descrédito e devoção porque
ele tem o coração sujo de aventuras e os pés plantados em corais
e incenso e eu pendurei os meus entre o nada e a coisa nenhuma.

Ele sou eu alguns yesterdays atrás e traz na boca apenas o que nos
torna abstratos ou simbolistas. Gosto de listras e de definições,
de coisas que posso tocar, de tudo que solidifica o ar. Gosto de
mim um pouco assim como ele e gosto dele com esse nada de mim.
Algum dia, eu o perdoarei por ser muito melhor do que eu.Talvez.

Por enquanto apenas os ultrassons do que posso julgar sem fé
e o bem-me-quer-mal-me-quer dos fatos. Quanto as fotos...
essas já foram excluídas pela própria vida. But why is it still so important?

Karla Bardanza


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MANHÃ SURDA




Acordou às 10 e ficou na cama,
ouvindo a mesma música com
ar de musa retro.
Com as mãos no rosto, escondia
o dia e até as palavras que não
cabiam na sua falta de predicados.
Era tudo sucinto, pequeno,
desmontável. Cabia numa gaiola.
Cabia numa caixa de sapatos,
cheia de amores sem fins e
ratos. Ela colecionava erros com
muita fidalguia e honestidade.
Dessa vez, o erro estava boiando
dentro dela como um corpo
sem nome, como a esperança
que morre e some após a mais
vil descoberta. Ela, tão só,
tão doente, dizia entre os dentes
:” estou certa, dessa vez
estou certa”.

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Mas ninguém ouviu. Nem ela mesma.


Karla Bardanza


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NECESSIDADES ESTRANHAS







Confio na sua força de vontade
para me resgatar de fevereiro.
Talvez você possa abreviar o calor,
colocá-lo numa caixinha de fósforo
ou  descobrir como podemos fingir
melhor que estamos plenamente
adaptados a este real surreal.
Sei que você tem muita coisa pra falar.
Não sei se estou preparada para ouvir.
Não sei se posso fugir a pé ou de avião.
Tenho necessidades estranhas de
tardes perigosas e noites sem palavras.
Preciso recuperar o poder do livre-arbítrio
e da esperança antes de terminar
esse bilhete suicida.Pra que vida?
Pra que essa vida?

Karla Bardanza
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AOS TEUS PÉS

Jonathan Viner



AOS TEUS PÉS



Já vou avisando de antemão
que isso não acaba quando
fevereiro começa.
Bem agora, o chão não me quer
e eu estou enjoada, olhando tudo
e tudo me olhando como se o sol
pudesse explicar os meu sintomas
e os efeitos colaterais da emoção.

Reli pela milésima vez os teus poemas
para achar alguma coisa 
que não estava lá. 
Sempre encontro mais do que
deveria entre as reticências
e o pontos finais.
Quase paz.
Quase.

Por enquanto,
só por enquanto 
um pouco
e eu vou me demorando
entre uma linha e outra
até ficar totalmente
enredada em mim,
até respirar por nós dois
mais uma vez.

E ai o teu verbo
se faz carne e habita
em mim como glória,
como vida,
como história,
como ferida
como ressurreição apenas.

____________________________
Karla 

____________________________
Karla Bardanza




Para JS






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ERA ASSIM

Alexander Shubin




era assim:
um olho todo meu,
o pé esquerdo do meu deus,
a palavra interdita,
a coisa quase,
a quase metade,
tudo que arde dentro
daquele quarto sem parede,
a sede,
a aproximação das nuvens,
o mundo todo,
todo o mundo.

__________________________________

isso foi-é apenas isso:
o silêncio do sonho,
a grande metáfora que nos une e separa,
o despertamento cedo
do agora
e eu...ah!
eu sou o nada
das horas.

Karla Bardanza




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DENTRO DELA


Karla Bardanza



E quando tudo termina,
ela volta para o início,
cortando os pulsos
e sangrando poesia
com tanta delicadeza
e inexatidão.

E quando tudo termina,
nada realmente acaba.
Mas resta o que sempre restou:
um nada entre dois infinitos
e isso ela ainda chama de amor.

Karla Bardanza




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SE NÃO FOR PARA ACORDAR AS ESTRELAS

Mohini Biswas




Faz dois segundos
que o mundo mudou de nome
e a minha fome tem endereço
e olhos novos.

Confesso
que eu  dormi
e que estava até acostumada
com o sabor obsceno
deste sono tão manso,
tão forte,
tão meu.

Ontem quase te chamei
de deus e o posto pode até
te cair bem. Mas te faltam
tantas qualidades para vestir
o céu e beijar a princesa.

Se não for para acordar as estrelas,
pegue todas as fotografias
e saia por onde entrou,
Saia sem alarde,
sem frases,
sem metáforas que engasgam a lua.

Enquanto tenho o benefício da dúvida
e você tem todas as vantagens da cegueira,
penso em errar mais uma vez,
penso em besteiras pela metade
porque tudo vale a pena
se ninguém sai machucado.

Se você tiver
algum sonho para me vender,
avise-me. 
Ainda me cabem
muitas ousadias. 


Karla Bardanza






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CLICHÉS E MENTIRAS ME FAZEM BEM

Tina Darling



Meu coração transparente quer apenas doçuras,
clichés, mentiras e o eterno abandono
que consagra o foi-bom-pra-você.

Direi com com os olhos à la Capitu
que tu és o que a noite ouviu
e o vento roubou
e ouvirei as mesmas palavras
de tua boca;
aquelas que consagram e coroam
a minha cansada inocência
e acreditarei (sic) que sou única,
inteira e absoluta.

Com a tua pele arranhando
o meu rosto, não direi nem
sim, nem não
enquanto o meu coração pula
diante da minha própria covardia.

E por dois dias,
vamos fingir que a gente 
vai dar certo,
vamos seguir adiante
murmurando apenas o necessário
para sermos felizes.


Karla Bardanza





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DESBLOQUEANDO A MINHA AORTA NOVAMENTE

Bryce Cameron Liston



Te dei poderes para me destruir.
Joguei a minha escuridão, os meus olhos tolos
e tudo que os meus silêncios escondem
em tua manhã descafeinada.

Sua delicadeza quase aristocrática
e ingênua multiplicou as minhas células,
e eu quase esqueci a fronteira entre
a vida e a beleza.
Quase.

Meu medo me sabota e eu
balanço entre a ousadia e o nunca
porque dói desejar, entender, ver, sentir,
sentir.

Não sei se me reconhecerás
quando tudo voltar a ser
apenas cansaço.
Mas, podes chegar mais perto
e abraçar a minha loucura
enquanto o seu coração cresce.
Isso vai te manter aquecido.
Isso sou eu.


Karla Bardanza




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PLENITUDE

Lucia Hennessy





Isso respira no vento;
mãos acesas,
palavras caindo vagarosamente
em meus ouvidos,
deslizando no mais profundo,
no fundo do que esqueço.

Lembre-me.

Sinto as coisas serem.
É tão bonito quando
olho
e os meus olhos morrem
porque ainda há tanto
para viver.

A vida expande-se,
contraindo tudo ao redor
e eu,
tão plena,
tão só,
preciso apenas de mim.



Karla Bardanza





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