Quadro de William Whitaker
Enquanto olha a pequena claridade
que arrebenta as nuvens escuras,
pensa mais uma vez nos pequenos ultrajes,
nas coisas indignas, nas consequências
limitantes da chuva.
Não sabe ainda o que deve fazer,
não sabe nada de respostas.
Sente-se um pouco estranha,
sente-se doente e fraca
para combater as palavras.
Nunca soube muito bem
como bater sem as mãos.
As portas estão fechadas
e não há nada para lamentar.
Os erros cometidos são apenas os erros.
Não há perdão, não há futuro,
quando os pés estão perto do precipício.
De tudo,
resta apenas a certeza do início,
a possibilidade da luz,
a volta por cima,
o amor-próprio como alento,
o tempo daqui pra frente.
Karla Bardanza
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