Quadro de Arthur Braginsky
Quando ele fala,
as palavras se recusam a seguir
em linha reta.
Ficam paradas no ar
e depois espatifam no chão,
sem nunca chegar ao alvo.
Alguma coisa nele
não consegue ir adiante
como aquele poema
abandonado na mesa
da sala, como as dívidas
sujando o passado e o presente,
como os sonhos amarrotados
dentro da cabeça.
Falta o fogo que ela roubou
de suas mãos.
A rosa do deserto
mora ainda em seus porões
intranquilos, em suas pequenas
verdades.
Os limites das sombras
morrem dentro dele
todas as manhãs
quando tudo
é uma flor
que ainda intoxica
e o faz dormir.
Karla Bardanza
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