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APRENDENDO COM KRISHNA E CRISTO



Não!Este texto não é sobre religião!Este texto é uma tentativa e apenas uma simples tentativa de mostrar o quanto Krishna e Cristo tinham em comum.Falo de idéias, de pensamentos que nortearam milhares de pessoas e continuam influenciando a humanidade ainda.Tanto o Novo Testamento quanto o Bhagavad Gita (A Sublime Canção), ou em outras palavras a mensagem suprema de autoconhecimento deixado por Krishna são ensinamentos maravilhosos. Abra estes livros com olhos de quem deseja descongelar os sentidos como ser humano. Leia-os raciocinando, pensando no que está escrito, e não apenas sendo um leitor passivo, ou seja engolindo as mensagens sem saboreá-las com prazer.Muito há em comum nas palavras de Krishna e Cristo. Ambos falam na ignorância como a grande causadora de sofrimentos e da verdade como libertação. Porém, a liberdade só pode ser alcançada através do autoconhecimento. Krishna diz que há dois caminhos para atingi-la: um é o da sabedoria e o outro da ação e ambos são alcançados quando a pessoa tem o perfeito domínio de seus sentidos. Isso significa que ela é capaz de realizar seus atos externos, mas está desapegada deles. Nesse sentido, a pessoa faz o que tem que fazer por amor e não esperando louros, lucros ou qualquer outro tipo de vantagem. Sendo assim, quem vive apenas visando seu gosto pessoal, vive em vão. Evidentemente, este homem ou mulher é escravo/a de seus sentidos, ignorante da verdade. Ele/ela é afetado/a pelo mundo externo e obviamente, se está preso/a à realidade exterior é porque ainda não olhou para sua própria divindade. É escravo/a de seus atos e por assim ser, está condenado/a à perdição e essa atitude apenas obstrui o seu caminho de auto-realização. Simplificando, faça o que tem que fazer sem nada esperar, sem a necessidade de prêmio externo como reconhecimento ou gratidão, liberte-se do “TER” e entre na beleza plena do “SER”. Esta idéia você encontra patente no Evangelho nas seguintes palavras: “Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro se sofrer prejuízo em sua própria alma?”.Quando Cristo fala dos “puros de coração” em seu Sermão da Montanha refere-se justamente ao que Krishna fala no Gita e o próprio Krishna fala que puro de coração é aquele que renuncia a si mesmo, é aquele que realiza todas as ações sem ser escravizado por nenhuma delas, ou seja, é o/a homem/mulher que vive sua vida sem ser guiado/a pelo TER, sem ser cativo/a da idéia de vantagem ou lucro.Muitas outras idéias compartilham Krishna e Cristo, entretanto, nada é mais certo do que este culto do TER. O eixo existencial do ser humano deslocou-se para o exterior. A felicidade está fora do Ser e, conseqüentemente, o que temos é uma progressiva desumanização do ser humano, que é levado a acreditar que as respostas vêm do exterior.Contudo, como Tchecov ainda acredito que o ser humano apenas possa realizar a promessa de sua humanidade se conseguir se libertar do “escravo” que carrega em si, e isto significa viver sem coerção ou falsidade, sem a ilusão de uma falsa liberdade. Isto é viver na ignorância. Isto é viver muito distante do que Krishna e Cristo falaram.O que escrevi é apenas uma pontinha do iceberg. Muito mais há para ser bebido no Gita e no Evangelho. Muito mais há para ser aprendido com Krishna e Cristo.


Karla Bardanza

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