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MALDITA ESPERANÇA


A esperança é sempre

violenta. Ataca a alma,

impõe o seu reino cego,

quase alimentando isso que

talvez seja verdade.



Mas, quantas mentiras

são necessárias para fabricar

uma verdade?



A esperança é uma paisagem

ingênua que apenas as ovelhas

podem ver, é uma deusa morta

em algum deserto entre a alma

e o coração.



De joelhos, abre-se as mãos

cheias de areia, pega-se a

navalha sentada na cama

e já em desespero mete nos

cabelos, deformando tudo

com a pressa absurda dos

que já não creem mais em

nada.



E a esperança onde está?

Morta?

A esperança nunca foi a

última a morrer.

Ela é a primeira a (nos)

matar quando nada mais

há.



E então, olha-se ao redor,

com a destruição guardada

nos bolsos, para enfim ver

onde a maldita esperança está.



- em lugar nenhum, em nenhum lugar-











Karla Bardanza






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