Para onde se deve voltar
Quando não há nada lá fora
E as cores estão cansadas
E pálidas?
Observo o meu túmulo
Vazio e sem cruz enquanto
O meu coração pagão não
Busca mais inquietações nem
Respostas.
Pois a manhã viúva não
Me guarda puta.
Minhas asas já caíram desde
Os seis anos de idade.
Minha santidade está
Onde os oceanos gritam
Ameaças.
Quem poder ouvir essas vozes
Roucas? Quem?
Pobres palavras mortas e loucas,
Escuto-as como quem acende uma
Vela ao diabo sem ranger os dentes.
E não há nada aqui dentro.
E não há nada lá na frente.
Apenas cometas que cruzam
O céu e não deixam saudade
Apenas esses olhos de fogo mal apagado
Desfiando sua liturgia fraca e muda.
Nesta hora absurda,
Convenço os deuses e eles chegam
Tão perto de mim para te conjurar
Ao abismo carinhoso e certo.
-Que se cumpra-
Olho todas as estrelas invertidas
Caindo do céu sem noite
E sinto tão plena de vida.
Karla Bardanza
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