Quando chega sexta-feira,
ela procura pelo ar
que já falta
e cai na cama
já morta, dormindo
sem dormir,
sonhando sem sonhar.
A vida morre no relógio,
nos ponteiros malcriados,
nos ônibus eternamente
parados na Avenida Brasil.
Ela já está acostumada
as migalhas que a vida traz.
Paz apenas aos domingos
entre um intervalo e outro
quando estende a roupa na
corda rôta dos acontecimentos
que desacontecem.
Às vezes, ela se pergunta
quando algo vai mudar.
Mas, não espera mais por
milagres de última hora.
Quando apaga a luz do quarto
já bem tarde, uma coisa arde.
A vida vai embora.
Diante das evidências,
vira de lado,
sofre sem exatidão.
No dia seguinte
quando tem um tempinho,
lê o horóscopo e perde-se
nas linhas apagadas
de sua própria mão.
Todo dia ela reinventa
a sua mentira feliz,
dando ao a mundo
a sua melhor performance,
sendo uma boneca descabelada
ou talvez uma pobre atriz.
Karla Bardanza
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