E aos poucos,
vou esquecendo
as pequenas coisas
importantes
que ainda insistem
em reclamar
um espaço,
um espaço que já não
pode mais existir.
E tudo fica tão sereno
por sua insignificância
e perdão.
E tudo cabe no vazio
de minhas mãos suadas
e no meu calmo desencanto
leve.
E aos poucos,
começo a olhar para frente,
buscando o que ficou para
trás, gemendo menos
quando não encontro
nem a mim, nem esta paz
dos infelizes.
E vou fingindo
essa satisfação
que me deixa muito
mais calada e sóbria,
muito mais estranha
quando o meu olhar
não enxerga
a minha própria poesia.
E vou esquecendo
um pouco mais de tudo,
escutando Astor Piazzola
chorar por mim com
graça e sentimento.
E tudo vai se escondendo
nos cabelos do tempo,
no incômodo amargor
nos cantos da boca
sem língua.
E tudo vai
morrendo
por não ser dito.
E eu que nunca entendi
nada, e eu que não sei
nada, aprendi apenas
uma única coisa:
quando
a vergonha é insuportável
e a dor tão grande
é melhor sempre
morrer.
E morrer é esquecer
porque esquecer
é apagar-se por dentro,
é enterrar o coração
e a vida
com honra
e cabeça erguida.
Karla Bardanza
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