Quando te amei,
desconhecia o amor,
entendia muito pouco
dessas coisas que fazem
o céu desmanchar.
Quando te amei,
o eu dissolvia-se
com intensidade,
com passos eternos
e emocionados.
Quando te amei,
o solo era sagrado,
o rito era silencioso,
o mito morava em mim
e me transbordava.
Quando te amei mais,
fiquei de cabeça para baixo,
vendo a vida por outro ângulo
criando coragem para amar
muito mais.
E te amei sem paz,
sem propostas ou
apostas neste percurso
de descobertas
e contrastes.
Quando te amei,
fiz o que sabia fazer:
planos, poemas, palavras
enquanto construía signos
e significados nos olhos
aflitos da vida.
E te dei o melhor
que a Lua guardava
em seu deserto e dimensão.
Quando te amei,
era eu quem segurava
a tua alma em minhas suadas mãos:
apenas eu sei como
abraçar os seus despropósitos,
apenas eu sei como
o vento te deixa mais próximo dos Deuses.
Quando te amei,
fui embora de mim
por conhecer teus aromas
e abandonos,
tuas profecias e danos.
E depois de tanto amor,
não houve mais nenhum amor,
não houve mais nada além
dos passos cálidos da ternura.
Pensar o passado
é pensar em nós dois
encostados nas estrelas,
inventando a beleza.
Pensar no passado
é morrer novamente
de amor e delicadeza.
Karla Bardanza
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