Quadro de Childe Hassam
Ela conhecia poucas palavras,
poucos sentimentos, poucos sonhos.
Seus olhos cheios de profundidades
e amanhãs transbordavam apenas
diante das flores, da força telúrica
que a chamava baixinho dentro dos canteiros
suaves e ternos.
Para ela, o mundo era simples.
Desconhecia o que não germinava,
o que não era
solo e possibilidade.
Ela mesma era uma semente
pronta para florir.
Quando guardava o infinito
adormecido dentro do coração
era porque a primavera estava chegando
e ele voltava mais uma vez de suas viagens
e pequenas emoções.
E ela...Ah! E ela tinha aprendido com
as flores a delicadeza necessária para viver.
Ele chegava cansado, suado, perdido
em pensamentos e sordidez.
Ela, calmamente tirava os sapatos dele,
enchia a banheira com água morna,
esperando a sua vez de abraçar
as suas eternidades
e naqueles momentos,
ela sabia
o quanto o amor podia guardar
tantas maldades.
Karla Bardanza
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