Deixa escorrer a vida
pelas veias da terra,
sangue incolor,
amor e bebida.
Deixe-a vir enquanto Zephyro
encanta as ondinas e as ninfas suspiram.
Vejo pérolas e ametistas
que esperam pacientemente
nas mãos das sereias.
É outono:
tudo dorme,
menos ela.
Deixe-a brotar
por onde pisa Yemanjá.
Deixe-a enfeitar
os sonhos de Afrodite e Tiamat.
Ela
veio do oeste,
veio do tempo
que chora,
evapora
e solidifica.
Ela nunca fica
onde pensam
que ela deveria estar.
Deixe-a
no peito de Osíris, Poseidon
e Netuno.
Ela é o coração da terra,
a palavra dita
e esquecida.
Ela é a vida que escorre da vida.
Karla Bardanza
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