Se amanhã for amanhã, eu saberei. Por enquanto, apenas o agora sem expectativas, uma mulher quase viva ou um tanto morta, uma terceira porta no corredor abafado e sem luz. Se amanhã for o amanhã, eu saberei também. Talvez eu encontre as pistas necessárias para viver dentro das 12 leis do karma. Talvez esta arma na minha mão caia e eu consiga ser menos assombrada e injusta, nas horas em que a saia estiver justa demais para a minha alma relaxar e prosseguir com essa dura missão chamada vida.
Meu romance com o diabo é para sempre. Se ele me promete essas coisas inatingíveis, não creio mais que as conseguirei. Paz é para tão poucos: é apenas para os que conseguiram segurar a lua nas mãos. Verdade é para as santas. Verdade são tantas: devo ter algumas na minha bolsa. E o amor? O que falar sobre o amor, sobre as muitas promessas que eu jurei ter ouvido quando eu fazia sentido para mim mesma? Esse deve ser para aqueles que são abençoados pelo tempo ou pela delicadeza. Eu sou nada nesta caminhada inglória, sem amanhã, sem história ou caridade. Eu sou nada mais do que a saudade metida numa calça jeans puída.
Se eu tivesse forças, eu contaria os desencontros, as maldições e às vezes em que fui ver o fogo crepitar, tentando ver um pouco mais de mim.Esqueço com gratidão o que é inútil, o que me torna oca e longe das nuvens. Cheguei onde deveria chegar, esquecendo.
Estou do outro lado de mim neste instante sem futuro. Fiz tudo correndo hoje para ficar mais tempo comigo mesma, alisando o ego frágil e cansado. Não espero mais grandes coisas tampouco o amanhã. O verdadeiro milagre está acontecendo agora dentro de mim quando me aceito com os meus limites e tolos desejos, quando durmo pouco e acordo cedo, quando pinto os meus cabelos e sinto que o tempo tirou a minha roupa e ainda assim, eu me acho maravilhosa.
Se o amanhã chegar agora, eu saberei: basta olhar ao redor e perceber que mesmo só, eu estou em boa companhia, mesmo quase morta, mesmo meio viva.
Karla Bardanza
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