Quadro de Michael Parkes
Que seja fácil,
curar-te do peso
dos pés fincados
nas coisas iguais
que deixam a boca cheia
de metáforas desnecessárias
e explicações.
Que seja rápido
a tua falta de poesia,
os teus enigmas
e parábolas,
os teus medos do teu próprio escuro,
os teus pequenos pecados.
Que sejam leves
os teus livros práticos
e as tuas teorias,
os teus manuais sem folhas,
as coisas que te distanciam
das minhas águas.
Que seja possível
criar vôos surreais
com o meu corpo
morrendo de infinito
quando te fito,
quando te sinto,
quando te dou todas
as coisas inominadas
da pele.
Que dure
muito mais
do que o espaço
entre a tua língua
e a minha
nas vezes em que
te arranco verdades.
Que seja
para além do bem,
para além da pulsão da vida
e de morte.
Que seja apenas
sal e sorte.
Karla Bardanza
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