Teus beijos de esquecimento
vão caindo de tua boca
e dissolvendo
eu,
eu,
eu
vou ouvindo Adele,
deslizando mansamente
para dentro do escuro,
morrendo,
morrendo,
morrendo
de tanta vida.
Por alguns segundos,
presto atenção a música,
mas já estou naquela voz,
naquelas mãos,
naquele momento
fora e dentro,
dentro e fora
das horas.
E vou caindo
para o alto,
saltando devagar
sem ar,
sem ar,
sem ar
eu estou.
E é bom,
já nem mais lembro
de ti,
de ti,
de ti.
E vou pensando
no meu amigo falando da mente
vazia, do desapego,
da morte da noite
e do dia,
e vamos recitando mantras,
abrindo as mãos,
fazendo uma oração
que apenas o corpo
pode escutar.
E enquanto Adele canta,
meu coração levanta
e começa a dançar.
E como
quem já está no fim,
te puxo para dentro de mim,
tão leve,
tão breve
como o amor deve ser
sem você,
sem você,
sem você.
E de olhos bem fechados,
fico feliz por te esquecer.
Karla Bardanza
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