Quadro de Julie Hefferman
Não tente ver
o que carrego embaixo da saia.
Pode te assombrar.
Pode ser alguma coisa
sem explicação
-porque eu mesma nunca consigo me explicar-
Aqui
há um mundo,
um infinito,
um algo que minto.
Aqui
a água ainda é potável.
Dou-te de beber
e apenas isso.
Todo o resto
é por sua conta e risco.
Todo o resto
é
para ser decifrado
e fluidificado.
E se ainda assim,
achares o que já posso
ter esquecido ou amaldiçoado,
não me digas,
não fales jamais.
Quero o benefício da dúvida,
as coisas que me complicam
e derretem.
Quero a mim mesma
cada vez mais virgem
e brutal
porque já não tenho
mais tempo para o que
encurta os meus dias,
porque já não posso deixar
de ser eu mesma.
porque já não posso deixar
de ser eu mesma.
Karla Bardanza
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