Meu cabelo
é preto, pretinho,
selvagem como o meu sangue,
como todos os atabaques
que me chamam de amor.
É Alujá:
começo a chorar
(por ele)
Meu sangue,
minha pele,
meu orgulho
herdei do meu avô:
cabra danado,
neguinho moleque,
homem de fibra,
o melhor filho de Xangô.
Sentava com ele
e ouvia com a alma
carregada de rezas,
as verdades absolutas
sobre sangue e honra:
essas coisas que o tempo
parece esquecer.
E quando
ele já estava caminhando
para lua
(e isso ficou aqui dentro),
ele me disse
(ele me disse pela primeira e única vez)
"nunca se esqueça
que amo você,
nunca se esqueça
que o meu sangue corre
nas tuas veias."
(Não esqueci Vô)
E sem pedir
a minha permissão,
foi embora com os Orixás
só para ficar mais perto,
muito mais perto
de Xangô e
dizer com orgulho
"Saravá meu pai,
caô, caô."
dizer com orgulho
"Saravá meu pai,
caô, caô."
Karla Bardanza
Para o meu avô.
Desconheço o autor da bela imagem acima.
Alujá é o toque de atabaque para Xangô.
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