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TRANSPARÊNCIAS DO INVISÍVEL

Quadro de Alex Kanevsky






Ando tão desacostumada
de sentir que conto
todas as nuvens
em teus imensos olhos azuis
com certa fraqueza
e cansaço.

É tão triste
quando as coisas
estão dissolvidas dentro da
gente como folha de livro velho
que vai quebrando com qualquer
mão incauta,
com o toque mais delicado.

Perdi tantos pedaços
de mim em páginas
antigas,
em histórias inacabadas,
em coisas desencantadas.

Não espere fogos de artifícios
ou solstícios.
Não espere nada.
Ainda falta muito
-muito mesmo-
para você aprender a me ler.

Minhas metáforas
foram escritas do outro lado
da folha.
Tenha o cuidado de procurar
as minhas transparências
no invisível.
O que os seus olhos
vêem é apenas uma única
possibilidade do real.
Eu sou uma verdade fugidia.





Karla Bardanza







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