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OS TRAPEZISTAS

Quadro de Juarez Machado



Com as mãos para o alto,
ela se joga para o escuro,
buscando no corpo do outro,
todas as coisas
santas.

Ele, de cabeça para baixo,
sente que pode menos
do que mostra,
e mesmo assim,
a espera sem nenhuma palavra.

Quando segura aquela mulher,
não pede explicações,
nem promessas.
Sabe apenas que tudo
depende do equilíbrio,
dos saltos perfeitos
e ensaiados,
das técnicas aprendidas,
da vontade de manter
todo o impossível no ar.

Ela fecha os olhos,
tentando esquecer que
não há redes, nem segurança.
Qualquer descuido é sempre fatal
quando o encontro é pela metade.

E calados
porque o amor verdadeiro
sempre arranca as palavras da boca,
ficam suspensos na eternidade,
sentindo o vento nos cabelos,
o sangue correndo forte
nas veias medrosas e fracas,
a intensidade do vôo.




Karla Bardanza






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