Quadro de Zhao Kailin
Deitei de cabeça para baixo:
queria ver a vida de pernas para o alto.
Um novo ângulo de visão
para o sempre.
Aprendia a olhar as coisas
em detalhes que fugiam,
sem o cisco que entrava
os sonhos e estreita a verdade
para uma só.
A tarde me convidou
a continuar pousada
no sofá, ouvindo o silêncio
das folhas lá fora,
sentindo o vento indecente
levantando a saia com classe.
De repente,
senti a grandeza do abandono.
Morcegar era uma palavra
com tanta beleza.
Dormi cheia de gentilezas
comigo mesma,
com as asas fechadas
para não incomodar o lençol.
Dormi achando
que para mudar a vida,
basta apenas mudar como eu posso vê-la
nas minhas claridades
e
escuridões.
Karla Bardanza
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