Quadro de Valentino Ciusani
esvaziei a cabeça
olhando os teus novos retratos,
contemplando os teus olhos ainda aflitos,
relendo os nossos velhos tratos,
relembrando os mesmos conflitos.
pareces o mesmo homem
com muito menos poesia.
pareces ainda o meu menino,
o mesmo que me roubou o dia
escrevendo o soneto mais divino
enquanto eu ainda fingia.
e eu que te ensinei a amar
quando amar já não sabias,
e eu que te fiz morrer e renascer
quando você todo já se perdia,
sou nada menos do que posso escrever.
o que temos agora
é o que na verdade nunca tive.
restam porém os poemas, as cantigas, as baladas
daquilo que ainda se revive
e me tornou imortal e encantada
quando dentro do amor estive.
restam as palavras expostas,
a fria delicadeza do que se pode ler.
quando o meu coração foi acordado
pelos poemas dentro de você,
pelo teu amor que ainda me é sagrado,
por tudo que nunca pudemos viver.
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Karla Bardanza
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