Tateio em vão procurando a ferida,
Acariciando o que ainda resta de ti
Como memória e fragmento e encontro
Apenas o tempo impregnado de sal
Enquanto a noite sonha sem pressa,
Sem charme, sem luar.
Abraço as nuvens carregadas de agonia:
Vazio áspero, doce nada, poesia calada.
Degluto cada letra já esquecendo a nossa
Sintaxe, já buscando apenas a metáfora crua,
A palavra nua e não dita, a sagrada mentira
Acordada e só.
Quase não posso ver o que está escrito.
Quase prefiro não ouvir o que foi dito.
Nesta simplicidade, esqueço com resignação,
Chorando calmamente, contando uma a uma
As lágrimas que escorrem na palma de minha
Mão e atropelam as linhas embaralhadas
Do amor e do destino, matando sem esforço
A delicadeza que guardei para te mostrar.
Karla Bardanza
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