Essa eternidade
Parada perto de mim
É apenas a poeira das estrelas.
O vento leva as cinzas do céu.
O tempo levanta o eterno véu
Das horas virgens e pagãs.
Amanhã apenas o infinito,
Os planetas dançando, a Via-Láctea
Entornando seu punhado de sonhos.
Amanhã, de tudo um pouco até
Completar o vazio do coração.
Pelo lado de dentro, a dimensão
Densa e pesada da vida, a morte
Em contração quase parindo mais
Uma ferida, os outros pregados
Na cruz, a busca da luz, de tudo
Que é solar.
Estendo as mãos:
A eternidade me alcança.
Algo de imortal flui pelas artérias.
Se eu morrer agora,
Ainda assim eu viveria
No livro que não publiquei,
Nas palavras que não disse,
Na minha poesia desassossegada.
Como é doce ser eternamente
Quase tudo
E para sempre
Um monte de nada.
Karla Bardanza
Nenhum comentário:
Postar um comentário