Quadro de Donna Shvil
O coração estava molhado
e os lábios sem batom.
Os olhos estavam cheios de nevoeiro
e a força morta.
A porta estava distante demais
para ser aberta ou fechada
e tudo dizia apenas
que sofrer daquela forma
não era mais preciso.
Deitada no chão,
ela perdia o que já havia perdido:
Ela doía como nunca pensou
que pudesse.
Ela doía com paz e ousadia,
com jeito de quem ainda
sabia o quanto as asas pesavam.
E aquele tempo
foi pouco e suficiente
para ser tão corajosa:
porque para sofrer é preciso muita coragem,
muito desejo de sentir essas coisas
que nos arrancam as costelas
e nos enchem de nada.
E ela não tinha vocação
para a dor, para desencontros
com a claridade.
Sentiu enquanto pode,
deu-se o privilégio do luto,
esperou o susto sossegar.
Quando deu a mão
a si mesma e levantou,
o peito tinha apenas
uma única vontade:
a de amar de novo,
a de ser fogo e doçura.
Karla Bardanza
Um comentário:
Oi Karla... Lindo!
Somos fracos, somos fortes... É tão bom viver nossas nuances! Um dá suporte pro outro, para que haja o equilíbrio. - ''Não haveria luz se não fosse a escuridão!''
Grande BjO
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