Quadro de Orestes Bouzon
Estou do lado de cá,
desobservando as coisas
que acontecem depois
do amor, ou do quase amor,
ou do quase.
(esse quase sempre me assusta).
São tão inconfessáveis
e limitantes.
São tão desconcertantes
os caminhos que me levam
para o canto da mesa
e me fazem olhar em linha reta.
Tuas profundidades rasas,
teu deus pequeno
(aprendestes tão pouco com ele),
as coisas sujas do teu ego,
engolindo o universo claustrofóbico
do que já é asfixiante por natureza
são torturantes.
Indelicadezas tuas.
Dou meia volta volver.
Recuo com tranquilidade,
pelo vazio,
pela cidade,
desobedecendo o que sei
de mim, guardando uma a uma
todas as palavras que nunca foram ditas
nos bolsos, enquanto sento
e almoço sem nenhuma dúvida
ou dívida com o destino.
Karla Bardanza
Recadinho básico:
Não preciso do teu cânone literário, do teu julgamento de forças, das cartas que dás.
O cânone sou eu.
Pode continuar me lendo (porque eu sei que me lês): eu permito
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