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A TRAMA DA SOLIDÃO


Aos poucos a solidão foi tecendo a vida dela.Foi deixando sonhos engavetados, esperanças no porão,até notar que tinha perdido o próprio coração em algum lugar...Aos poucos foi deixando de admirar o amor...Olhava-o com extremo desencanto...Olhava-o desconfiada, armada...Levava a vida ou talvez a vida a levasse.A paixão deu lugar ao vazio, à pobreza de espírito, ao medo de arriscar, de se recriar.Seu grande desafio agora era viver...Sem grandes emoções, sem fantasia, sem prazer...
Foi murchando aos poucos...Primeiro, parou de se olhar no espelho,de ser achar desejável.Depois, descobriu que o amor era dividido e não multiplicado ou talvez o segundo tenha acontecido primeiro...Já nem mais conseguia lembrar.Parou de perseguir a felicidade e começou a ver o silêncio com espantosa nitidez.Cristalizou-se, ajustou-se a solidão,matou-se, coisificou-se.,sufocou a memória e refugiou-se na eterna escuridão.Aos poucos, foi se perdendo de si mesma e vivendo o seu mimetismo particular.

Karla Bardanza

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