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PALAVRAS SÃO CORES

 Colo adjetivos no espelho,
advérbios nos joelhos,
trago nas mãos todos
os verbos de ação.

Gosto de sujeitos
de mãos dadas
com os seus verbos
de ligação
e de predicativos
vivos.

Minha sintaxe 
foi concebida
para falar de vida
mesmo quando
sou um objeto
direto e indireto
nas mãos do destino.

Às vezes, sou apenas
uma conjunção apassivadora,
esperando o condicional passar.
Outras, estou no modo subjuntivo
e tudo que preciso é de
um lenitivo.
de algo que me transforme
num advérbio de intensidade.

Debruço-me nas entrelinhas
da minha gramática
e busco a prática diária
da conjugação do verbo,
dando voz a todas as pessoas.

E depois,
bem depois,
saio procurando a melhor metáfora,
abençoando a semântica,
beijando a boca da poética,
viajando pelas letras.

Caminho sem volta,
labirinto de flores,
palavras são cores
para misturar:
algo sempre nasce
com um matiz diferente.
Palavras são o que sempre
me fazem sentir
que eu sou um mundo
de gente,
um punhado de sentimento.

Agarro todas as consoantes
e vogais e afundo no tempo,
escrevendo 
coisas que ainda não sei dizer
porque o verbo continua dentro
de mim, me conjugando
todo dia, quando quase não sei o português
e finjo que faço poesia.



Karla Bardanza










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