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DE PEITO ABERTO


Quadro de Yigal Ozeri





O tempo me acompanha
por alamedas
que fecho os olhos
para não ver.

Vou seguindo cega,
vou seguindo arisca
pelos planos
que o tempo risca.

Às vezes, descalça,
às vezes amordaçada,
sigo docemente
até o fim do nada.

Há abismos,
cachoeiras e um coração
que reclama prazer.
Há melodias acorrentadas,
Deuses que dançam
e muitas verdades
que pertencem apenas
a mim.

Não paro para analisar
minhas feridas
ou colocar um band aid
na alma.
Que o sangue escorra,
que os pés fiquem acabados,
sigo para além deste mundo profano.

Minha cegueira é sagrada
e eu não tenho medo dos meus desenganos.
A vida me deu
muita coisa que nem achei 
que teria.
Só me resta mesmo
a gratidão, a certeza absoluta
que nasci com cheiro de luta,
com as mãos chamando a lua,
com a coragem nua
de ser sempre eu mesma
por mais difícil
que essa missão possa ser.



Karla Bardanza








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Um comentário:

Helô Müller disse...

Uau, lindo demais!!
Parece que vc fala por mim... pode isso?! rs
Bjs
Helô

P.s. ando sumidinha, sumidinha.... né?