Por acaso,
a vida voa pelo vidro do carro,
colorindo meus olhos ainda
lentos.
Tudo pulsa
aqui dentro rapidamente,
acendendo chamas,
libertando a palavra interdita,
o orgasmo do ver.
A beleza tem pressa
de se mostrar.
Campos, árvores,
flores despetalam-me.
Desprendo-me do então agora
sem procurar significados
ou significantes.
O instante devora minha carne calma:
erupção de prazer.
Ver é sentir.
Ver é despertar o desejo
anterior a mim e a este momento.
E eu, um ser
de memórias tão curtas,
fotografo a tarde
para ter o que lembrar
quando tudo for apenas noite
e quase espírito.
Uma força desconhecida
ascende e a mente platônica
contempla o que em mim
está ali fora
e por algumas horas,
estou novamente destinada
a reencontrar o belo
e a transitar na encruzilhada
entre a sensação e o sentimento.
Karla Bardanza
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