Ilustração de Danni Shynia Lo
Não tenho enlouquecido ou duvidado. Não tenho vencido nem chorado. Não tenho feito nada para me arrepender depois. A vida está acontecendo com simpatia e sem muitas conjunções. Nada de "se", " porque" ou "logo". Estou vivendo, sentindo o ar encher os meus pulmões e o vento despentear os meus cabelos. Tenho andado, bebido, comido. Trabalho, às vezes aborreço-me, outras (so)rrio, mas não tenho tentado equilibrar-me no meio-fio. Desço logo para rua sem muita aventura e continuo caminhando sem pressa para algum lugar. Não estou precisando de grandes desafios, coisas, explicações ou razões. Quero apenas a alegria comum do dia a dia, as nuvens em volta da lua e tudo que me deixa intoleravelemte mais leve. Não sei se devo chamar este momento de claridade ou escuridão, de acomodação ou experiência. Palavras atravessam-me e acabo engasgando com nomes que nem ouso pronunciar, porque o meu despertamento veio tão tarde que os meus olhos nem querer dormir. Seria muito mais difícil perder a minha história de vista.
Não abro a porta com sofreguidão e nem tenho me olhado com caridades. Minhas verdades não são universais. Assumo as consequências da minha audácia. É o que ainda me resta todo dia depois que me perco da poesia e sento à beira de mim sem olhar para os lados e para trás. Talvez tudo isso tenha um nome só: paz. Talvez tudo isso seja a melhor maneira de existir. O que vier, que venha para me fazer sorrir, para me despir com alegria, para me fazer cativa dessa deliciosa liberdade tardia.
Karla Bardanza
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