Quadro de Serge Marshennikov
A manhã é você.
Amanhã não é você.
Será apenas claridade,
dilatando a retina,
arrebentando outra ruga,
outras rusgas.
A manhã e os seus poucos
segundos, e a sua obra-de-arte:
uma bem-aventurança,
uma dança deslizando
pelo corredor de portas fechadas,
quase nada,
absolutamente nada.
Amanhã, os segundos dobrarão
os joelhos. De costas
para o espelho embaçado,
verei com coragem
o que posso guardar apenas para mim
e egoistamente, vou mentir
que posso ser feliz
com tão pouco,
com quase nada,
absolutamente nada.
Karla Bardanza
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