Pego água para o café,
Pensando em nada,
Amortecida pelo cheiro
Do pão fresco deitado
Em pleno sono na mesa.
Por alguns minutos,
Meu corpo se contrai.
A cozinha guarda tantos
Mistérios. Minha mente
Congelada quer apenas
Os sentidos: deslizo
O dedo pelo requeijão
Sem lembrar da faca.
Estou com treze anos
De idade sorvendo
A vida.
Enquanto a cafeteira
Anuncia o vapor, começo
A untar a forma com o
Óleo e com esquecimento,
Pego a farinha, os ovos e o
Açúcar, coloco numa tigela
Divertindo a alma com
Uma magia tão simples,
Misturo a manteiga e fico
Ali, brincando de dar
Vida a vida, massageando
E transformando os
Minutos com suavidade.
Depois coloco no forno
Com a simplicidade doce
Que a vida esconde e
Apenas espero a comida
Gestar.Quando está pronto,
Coloco a toalha na mesa,
O pão fresquinho, os meus
Biscoitinhos amanteigados,
O café e tudo mais. Chamo
A minha filha, coloco
Um cd do Marvin Gaye,
Fico cantando ain’t no mountain
High enough,ain’t no valley low enough
E naquela Paz sem nome
De paz,exercemos o grande
Encanto quase desconhecido
Da vida pós-moderna,
Fazendo do lanche da
Tarde quase uma oração,
Quase um ritual de encontro
E profunda emoção.
Karla Bardanza
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