Quadro de Carlos Oviedo
Aqui tudo mudou. Os silêncios escutam-me calados e a pressa cedeu lugar a mansidão. Minhas mãos ficam mais paradas e pouco importa se a eternidade tem nome de nada. O corpo perde os contornos e ganha uma luz desconhecida, a pele resseca com avidez enquanto que descubro novas formas de lidar com a minha voz e a minha vez.
Coisas pequenas ficam enormes, princípios são acordados ou dormem, tudo fica tão claro, tão cheio de significados e símbolos. Tudo pode ser um erro danado ou apenas uma nova forma de aprendizado. Os sentimentos se relativizam e a balança está sempre equilibrada. A justa medida tem nome de vida e eu sou uma estrela.
A imutabilidade perde-se em novas imagens e metáforas, ganhando palavras e candura. Os olhos olham para dentro e desobservam a pequenez. Lágrimas caem sem preguiça por tudo e nada quando sou bruxa ou fada.
Já não sou mais o que estava acostumada a ser. Meu eixo existencial desconhece o poder ou qualquer coisa que não tenha a dimensão do coração. Não sei quando a metamorfose aconteceu. O único fato que ainda reconheço é que essa mulher (des)encantada ainda sou eu.
Karla Bardanza
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