Quadro de Hossein AliAsgari
Dei as costas para o Sol,
ofendendo-o com a mágoa das sombras,
virando o rosto
para a sempre chuva que cairá
por tempo indeterminado.
O perdão não virá do céu
e eu que sou amedrontada
pela minha força e mansidão,
pisei em teus canteiros:
todos aqueles que vão da alma ao coração.
Daqui vejo
os danos causados pelo crime imperfeito,
pela minha boca incessantemente
aberta e ressentida.
Se eu tivesse lágrimas para chorar,
eu seria um pouco mais feliz.
Falta-me a explosão dos infelizes
mesmo quando as cicatrizes chamam
por mim.
Sabe, não te amo pouco
ou muito.
Amo-te na medida certa
e desequilibrada que não consegue
camuflar ou aceitar menos do que
preciso e podes me dar.
Sai, fechando florestas,
apagando luzes,
arrastando-me para
o mais inferior de mim,
querendo que você dissesse não,
querendo que você dissesse sim.
E eu que nunca acreditei em ti,
acredito menos ainda.
Aquele homem, eu amo
e abomino.
Aquele homem,
ficou para trás com o que restou
das nuvens.
Não quero pensar,
nem ver
o quanto ainda há você
em cada face minha no espelho.
O amor tem mil rostos
e todos eles estão voltados
para o passado,
para o meu bem-amado,
para todo o mau
que eu deixei nos teus olhos
sempre azuis e nunca meus.
E agora
que não há mais esse único deus,
minha fé desmorona delicadamente
porque o amor é apenas
para quem tem audácia
e sente.
(Você foi amado, você é amado, você sempre será amado
mesmo quando não sobrar nem mais o amor)
Feliz aniversário.
Feliz tudo que recomeça
para ti sem mim.
Karla Bardanza
Nenhum comentário:
Postar um comentário