Lukás Kándl
Não reclamarei das horas esmagadas,
das frutas caídas no chão,
das coisas arranhadas pela escuridão.
Todas as minhas idades giram
ao redor do então momento
que ora escoa, voa manso
e evapora junto com o meu suor.
Não tenho nada para depositar
na conta deste ano, nem
mesmo sabedoria
porque fui aprendiz apenas.
E enquanto as horas doíam em mim
e o meu corpo desabotoava as cicatrizes
que ainda vestem-me a pele atormentada,
preocupei-me com os olhos tensos,
com as mãos pobres de linhas de vida.
Trezento e sessenta e cinco dias
não deram conta de mim
e de tudo que ainda espera ser vivido
com mais glória.
Resta-me apenas ultrapassar
o que ficou e fechar a porta em definitivo
enquanto vivo o amanhã
pronto para começar hoje.
Arrumo os cabelos,
perfumo a alma da alma,
estou calma, esperando
que Yemanjá venha buscar as flores
em minhas mãos assustadas.
Há algo neste portal
que ameaça e encanta.
Nada temo.
Ele chega pisando forte,
arrancando espamos.
Fito seus ombros largos
e preparados para todas as culpas que hão
ainda de vir.
Quando ele passa,
aceno e entre os dentes,
falo com reticências:
Ano Novo, estou aqui...
Karla Bardanza
Caras Leitoras e Caros Leitores,
Que as bençãos dos Deuses caiam sobre vocês em 2013.
Amor e Luz!
Um comentário:
Olá Karla, nada de reclamar das pancadas vividas. Estamos para o que der e vier.
Amiga, passei para te desejar um Feliz Ano Novo com muita saúde, paz e muito amor. Beijos com carinho
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