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QUASE UM SONETO DE AMOR



\”tudo quanto na vida eu tiver,

tudo quanto de bom eu fizer,

será de nós dois,

será de nós dois.”/



letra do poeta vinícius de moraes





quando estendestes tuas mãos caladas

para dar-mer alento e um pouco d’água,

as brumas estavam ainda acorrentadas,

entre os vãos do deserto e da mágoa.



o que era meu cabia numa concha sem voz,

um pouco do nada, um punhado de morte,

e eu contava quieta cada estrela caída e atroz,

enfrentando os ternos ventos do sul e do norte.



tu enfeitastes meus sonhos sem pensamento,

deixando a porta da eternidade entreaberta,

dividindo os luares e todo o teu firmamento.



E eu que era cega, abri os olhos com pavor,

temendo a tua luz leve, a tua palavra tão certa

para finalmente dar-te a minha alma, meu amor.







Karla Bardanza




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