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A DOCE INSANIDADE


Papoulas crescem insensatamente
por cima de minha pele.
Deve ser por causa dessas coisas
que já não cabem em mim.
Todas as pontuações não podem
dar conta da minha boca:
estou diante de algo mais.

Fico esperando que fiques bêbado
(de mim).
Fico ouvindo as músicas de sempre,
as palavras de sempre:
viagem.

Eu sei.
Sim, eu sei.
Nada me guarda,
nada me aguarda.
Mas, ajoelhe-se
para a Deusa em mim.
Ajoelhe-se, sim.
Eis aqui o agora,
o sempre,
 o teu poema desnecessário.

Há tantas ribeiras e recantos
atravessando as minhas pernas,
os meus seios,
os meus, as minhas,
a minha.
Existo para muito além deste jardim,
desta margem,
deste contorno destronado.

Desfaço o meu corpo:
procuro a orquídea perfeita,
a estrela cadente,
a explosão do sol profanado,
a Via Láctea.
Escuto
os teus passos
enquanto me firo mais uma vez.
Acho que posso salvar o mundo.
Posso.
Não vou chorar.

Falta-me esse teu azul,
esse azul pungente da tua camisa,
falta-me essa brisa que pousa nas tuas sobrancelhas.
O meu mais querido
é um gato pulando de telha em telha.
O meu mais amado
é tão indolente, tão crente no que
não creio.
Ajoelhe-se:
a Deusa vive em mim.
Beije o meu seio sem receio.

Essas coisas transbordam
pelo os meus poros,
pelos e vastidão.
Arreganho as palavras
para falar mais
sobre o que não se tem
mais o que falar.
Afogo-me na música de John Lennon
e o meu coração pequeno
já não cabe mais tanto feitiço.

O amor ( quem diria!!)
é um não-sei-o-quê
de tudo aquilo
e tudo isso,
é a confusa mente
e
a confusa amante
trilhando
o desequilíbrio do instante.







Karla Bardanza












Observe-me com a leveza de uma bolha de sabão... e ache minha beleza... Ela está ao meu redor...no meu calor...no meu estado permanente de flor.
-Karla Bardanza-

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