A poesia deixou a toalha cair
com tanta classe e volúpia.
Assisti o desnudamento,
petrificada.
Os olhos rasgados sentiram
o calor do momento
e o esplendor,
vendo as entrelinhas,
as imagens e o mundo
sem fundo que apenas
ela sabe como mostrar.
Queimamos o sofá, a sala,
as almofadas no chão, o vinho,
as taças e a minha mancha de batom
na borda da imaginação.
As mãos dela desabotaram a minha saia,
a blusa e o sutian.
As mãos dela abriram as pernas da minha
criatividade pasma e rouca, sugando
a boca das minhas metáforas,
acariciando os meus enigmas,
dando tanto prazer as minhas antíteses
e aliterações.
E a intensidade daquela troca
me fez maior, muito maior
do que talvez eu seja.
É sempre assim
quando ela me deseja.
Deixo que ela evolua nua na sala,
e dance enquando tira todos os meus véus
e céus.
Observo-a e o gozo aponta na ponta
da alma.
Ela me conhece tão bem.
Quando ela pega a minha mão
e todo o prazer é um rio de palavras
correndo livre e forte para o sul e para o norte,
deixo o meu corpo fluir e se despedaçar
com profunda gratidão.
Fico tão fora de mim,
fico assim com cara de poema lido
em cima da cama antes
do primeiro delírio,
do primeiro olhar no espelho.
E quando tudo acaba,
(se é que acaba)
estou sempre descabelada
e de joelhos
Karla Bardanza
Copyright © 2011 Karla Bardanza
Um comentário:
Moça, achei lindo.
Lindo.
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