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UMA CHINESA


Foram os Deuses que consentiram
essa doçura, esse estranhamento
e desencontro.

E eu que não persisto mais em tecer
os fios do desespero, desfaço o destino
com o fogo de minhas frias mãos.

Levanto-me com a graça calada
de uma chinesa sendo apenas a sombra
do silêncio,
a presença harmoniosa da ausência.

Sou uma pedra, um jardim oriental,
uma palavra que ficou nos olhos.
Sou um rio desenhado para jorrar calma.

Dentro de mim há uma paisagem
de mãos dadas com a arte e a espiritualidade,
um jardim chinês
e toda a sua terna utopia.

Todo o equilíbrio está na poesia,
no peixe respirando livremente,
no orvalho incansável,
nas pétalas de um jasmim.

Meus pequenos pés tranquilos caminham
pela hora suave delicadamente,
sem anunciar a minha chegada ou saída
e de olhos quase fechados,
vou calando a boca
da vida.



Karla Bardanza





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