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VESTIDA DE TI

 Ans Markus





Olho para os lados
enquanto tudo dorme.

Ainda vestida de ti,
levanto e vou à janela
apenas para ter certeza
de mim.

O universo é tão generoso:
ele me deixa aqui mais um pouquinho
apenas para testemunhar que
a vida continua.

Espero silenciosamente
que o Tempo acalme as horas
ou que a Poesia relembre-me
que eu ainda existo.

E de olhos fechados,
faço um esforço danado
para lembrar
de como é ser feliz.



Karla Bardanza
 



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POESIA E PÃO

Benito Cerma

Para Júlio
(in memoriam)


Dois silêncios existem agora.
O primeiro foi o das estrelas caídas 
quando a vida era a ponte
entre o maravilhoso e a teia imagética
dos dias. 

O segundo,
o segundo está em algum lugar
perto da tua selvagem mente
patriótica e insólita.
Isso sempre restará nas palavras,
nas coisas ainda caladas
que o coração finge que des-conhece.

Ninguém nunca poderá
entender o que te fazia menino e deus.
Ninguém nunca poderá
saber o que foi.
Que seja então silêncio e paz
porque aquilo, tudo aquilo
foi apenas o que sempre será:
 poesia e pão.
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Karla Bardanza







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