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CONFIANÇA


Ela olha para dentro do infinito e pensa na beleza roubada, nos danos silenciosos, na impotência, em coisas abstratas e perigosas enquanto aguarda as palavras brotarem, as respostas chegarem, um sinal dos Deuses. Ela não sonha mais. Quando deita, seus olhos parecem rios secos, parecem nuvens distantes e ameaçadoras, espaço perdido entre o ontem e todas as emoções estranhas que desmaiam em suas veias tensas e deformadas. Não consegue se perdoar, não consegue entender, não consegue estancar o sangue escorrendo. Quando coloca a mão na ferida é apenas para sentir a profundidade do machucado, a extensão da ira. Pouco ouve: os sons ecoam em paredes doentes, em montanhas sem flores. Pouco fala. Pouco consegue sentir, além disso, que abomina e tece todos os fios dessa trama sórdida e infame, dessa história que ela não escreveu.



Ela olha para dentro do infinito e apenas ouve um único grito, uma única voz e nestes momentos, a culpa é maior e não cabe mais dentro dela. No entanto, ela faz mais uma última tentativa e apesar de tudo, ela acredita, ela ainda acredita.






Karla Bardanza

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