Minha escuridão sorri:
Te matei com tanta sabedoria.
Tesouro guardado no fundo
Da mente, sangue e decisão
Escorrendo pelos olhos, pelas
Mãos suadas.
E foi letárgico, foi quase um
Rito. Deitei o passado no altar
E não parei de matar tudo que
Trazia como verdade e desejo.
Gotas mansas cuspiram no chão,
Sujaram a alma fria.
Te matei com tanta educação
E poesia.
Depois do fato consumado,
Lambi minhas asas negras,
Beijei o altar com tanta convicção,
Deixando um pouco de mim
Escrito no livro da emoção.
Minha escuridão sorri:
Te matei com classe e alguma
Exaustão quando outro
Comungou o meu prazer e
Ajoelhou em devoção.
Deixei ele rezar tão
Absurdamente sozinho.
Quem pode escutar
A prece sem nome?
Tenho pressa, tenho
Fome.
E enquanto os dedos dele
Construíam pontes para
O paraíso, eu era apenas
Inferno.
Arder é sempre bom
Quando é eterno.
Minha escuridão sorri.
Te matei sem olhar para
Trás.
Te matei em nome dos deuses,
Por mais amor a guerra do
Que a esta estúpida paz.
Karla Bardanza
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