O que você faria se você chegasse em casa após um dia de trabalho e encontrasse a sua filha assustada e com medo? O que você faria se sua filha estivesse sendo vítima de bullying? O que você esperaria da escola de sua filha se ela tivesse sido agredida?
Bem, neste exato momento, eu, Karla Bardanza, estou confusa, com raiva e só me resta escrever. Amanhã tomarei minhas devidas providências porque hoje já está tarde demais. O fato é: minha filha estava sendo vítima de bullying desde junho. Eu na sabia. Ela me ocultava o fato. No entanto, hoje o colega, esse “amável colega” resolveu bater na cabeça dela e o engraçado que não é ele sozinho a sacanear, ele conta com ajuda de mais duas meninas. Resumindo, hoje ele bateu tanto na cabeça de minha filha que ela resolveu reagir. Foi à coordenadora, relatou o fato e falou das duas outras meninas. A coordenadora limitou-se a conversar com ele. Quando, este menino, voltou para a sala, contou para as “amigas” o ocorrido e minha filha foi agredida por uma das meninas que a enforcou. Tudo poderia ter sido bem pior se dois amigos de minha filha não tivessem empurrado a menina que delicadamente enfiou o cotovelo no pescoço de minha filha, sufocando-a e socando-a ao mesmo tempo.
O colégio não me informou nada e o pior não fez nada. O que tenho em casa agora é uma menina de treze anos com muito medo e envergonhada uma vez que a garota valentona foi aplaudida e ela vaiada ao retornar à sala de aula depois que a coordenadora apenas “conversou” novamente. A minha grande dúvida é: qual é o papel da escola num caso desses? Conversar adianta? Por que não informar aos pais? Estou possessa, p#@* da vida. Estou sentindo o que pensei que não poderia nunca sentir. Minha filha não quer mais ir ao colégio: está com medo de apanhar mais uma vez já que a menina é bem maior do que ela. Minha filha não é nenhuma santa, mas eu, Karla, sempre a ensinei a ignorar os insultos e as brincadeiras imbecis e agora, vejo que errei. Devia ter ensinado a ela que a vida é dente por dente, olho por olho. Não sei se errei ou se a sociedade está errada. Todo esse tempo, ela fez o que eu, idiotamente, ensinei. Olhem o resultado: agressão. E o pior, olhem o papel desta escola: uma total omissão.
Estou indignada. Deveria ter ensinado a minha filha a ser um macho alfa, ela poderia ter aprendido boxe tailandês ou judô e não balé. Ela está com tanto medo que me pediu para aprender defesa pessoal. Minha dúvida é: até quando teremos que nos defender de uma sociedade que não valoriza os fracos e as minorias, de uma escola que se cala e de uma família que não educa verdadeiramente. Será que o cidadão do futuro é esse/a menino/a que hoje humilha e bate? Se agora ele é capaz disso, o que será que ele/a fará amanhã? Será que é isso o que queremos?
Enquanto minha filha dorme, olho para ela e me pergunto onde eu errei, onde eu errei e não encontro respostas.
Karla Bardanza
4 comentários:
Karla, me solidarizo com sua justificada revolta! Nem sei o que faria se estivesse na sua pele...
Não creio que deva se sentir culpada por não ter ensinado sua filha a reagir com violência! É sabido que violência gera violência, e talvez não seja esse o caminho... Não me sinto apta a aconselhar nada, neste momento! Acho tudo isso um absurdo tão grande!... Só sei que os jovens que assim procedem, são dignos de pena! Com certeza, são frutos de pais omissos ou até mesmo violentos! Lamentável... e muitos deles talvez nem tenham mais recuperação! Triste vida eles terão, sem dúvida alguma...
Fique em paz e torço pra que vc consiga vislumbrar a atitude mais correta a ser tomada com relação à sua filhota, escola e tudo o mais!
Bj e boa sorte!
Helô
Karla,passei por situação semelhante à sua. Minha filha não chegou a ser agredida fisicamente mas foi constantemente humilhada por uma colega durante muito tempo. Ela tinha tanto medo da menina que começou a ter problemas gástricos,vômitos recorrentes. Ainda hoje estamos às voltas com as sequelas destes episódios. Ela não quer voltar à escola, a escola nenhuma. Entendo perfeitamente sua revolta, sua dor. Mas,por favor, não se culpe. Isso seria uma inversão de valores. Errados são os pais que não impôem limites, errado é o agressor e não a vítima. Nunca me senti culpada e sim impotente. Só posso lhe oferecer minha solidariedade, minha compreensão e torcer para que você consiga resolver esta situação da melhor maneira possível. Sei o quê é isso, amiga. Acredite! Um abraço afetuoso e fique com Deus!
Kássia.
Karla,
não sei se lhe chame de fenómeno se de desentendimento por parte dos pais e dos educadores da escola.
infelizmente este novo "meio" das crianças se sobreporem ás outras têm trazidos graves problemas.
ainda este ano, aqui em Portugal, uma criança de onze anos suicidou-se derivado a esse problema.
penso que todos e principalmente os pais, têm uma grande culpa. sou contra a violência de qualquer espécie, mas não posso deixar em branco um fenómeno tão cruel.
aquele beijo.
Karla,
Parece história de terror, só que de terror real ao qual todos em qualquer esfera de atividade humana estamos expostos.Mais triste e grave quando ocorre com uma criança ou adolescente.Comungo com tua indignação e apoio que tomes medidas legais cabíveis contra a escola e aos agressores e/ou seus responsáveis.Quando acabar o ano, para que tua menina não fique mais prejudicada que está faz a troca de escola.Meu carinho a ambas, Betha.
Postar um comentário