Quadro de Blake Flynn
substituam esse momento
por uma coisa inominada,
por algo que me leve para fora
de mim.
meu desassossego não tem sílabas,
consoantes, vogais, nem pontos finais.
a vida está esburacada
e eu não careço de nada
que eu já conheça, perceba,
segure com as minhas mãos obscenas
e língua sem limites.
o que existe, existe e
já não me basta
porque quero o transe da noite,
o avesso do outro,
o gozo sacana de quem vive
de aventura.
quando eu despertar,
deixe-me ainda dormindo:
não quero ver os enganos da eternidade
tampouco os infinitos que cabem
em minhas muitas moradas.
sou o que ainda posso ser
mesmo bruta,
mesmo puta,
mesmo sem você.
Karla Bardanza
É bom estar de volta!
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