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POEMA AO MAIS DISTANTE AMOR

Quadro de Miles W Mathis






Entre nós,
uma xícara de café vazia
e algumas palavras educadas,
dessas que a gente diz
para ser egoistamente
mais feliz quando 
o outro ainda nem nos pensou.

Olhares que buscam
metonímias ou metáforas,
poemas delineados às custas
de muitos adjetivos
e do modo subjuntivo
porque não saberia mais
dizer se o amor deve
ser ao vivo
ou apenas assim.

Entre nós,
o silêncio das lacunas,
uma nobreza toda tua
enquanto sou vulgar sem esforço nenhum, 
e quase inconscientemente
porque indecente mesmo
é só aquele que julga.

Paredes, muros,
coisas pela metade,
pequenas verdades
e uma soberania
que pertence apenas a ti
quando fazes-me sorrir
diante de tuas palavras e imagens,
diante de minhas bobagens
e imprecisão.

Às vezes,
não entendo como
tudo pode ser tão pequeno,
como a vida pode ser tão curta
para caber tantos amores,
tantas ameaças
e cicatrizes.

Às vezes,
não entendo como
posso te querer tanto
e odiar-me tanto
pelo que não ouso nomear.

Essas firmezas
trazem um cansaço
quase atroz
e na busca pelo mais
distante abraço,
não há o que fazer de mim
e nem de nós
além de avançar
descalça e com os pés feridos
mais uma vez



 

Karla Bardanza








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