Lynne Cerro
Aproximo-me com certa distância
do mês de novembro,
querendo coisas esquecidas
no fundo dos bolsos,
buscando a mim e em mim apenas salvação
e promessa.
Este corpo que está um ano
mais velho não está cansado
de viver ainda.
Está mais incompreendido,
mais trancado,
mais arisco.
Há vida após a vida.
Morri com minha filha em meus braços,
e nos braços de minha mãe,
Morri no colo de minha irmã
e com a minha sobrinha em meu colo.
Eu sou quase eu mesma
com um pouco mais de sal.
Novembro assusta-me.
O que é o porvir?
Aguardo os dias
com as mãos sobre o peito:
não quero que ninguém ouça
o barulho do meu coração
quando eu sou do tamanho de uma lágrima.
Sento nas consoantes de novembro
caçando dias
com claros enigmas
e mansidão
porque a vida precisa
de ilusão também,
porque
sou uma pastora de nuvens.
Karla Bardanza
Este poema é dedicado às mulheres de minha família.
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