Devdatta Padekar
Embrulho a paisagem
e a coloco em cima da mesa,
quentinha, pronta para ser comida
pelas palavras, pelas metáforas,
pelas imagens.
Bagagem de poeta
é o papel de braços abertos,
é a linha reta e desregrada,
é quase tudo do nada.
Nuvens de cobre,
fios que dobram a esquina
da solidão, as tempestades
nossa de cada dia,
a força bruta,
a luta vã com a vontade
de parir um poema saudável,
fácil de engolir,
fácil de ser band-aid
curando tudo e descolando
na medida certa
quando o mundo aperta
por dentro e fora.
Pedacinhos colados,
um pouquinho do que mata
e consola, a esmola
na mão do leitor
e aquela puta dor
que todo poeta carrega
com orgulho e estandarte.
E depois do depois,
vem um cara qualquer
dizer que a tua pele arrancada
pelas tuas próprias unhas
não é arte.
Karla Bardanza
Um comentário:
Simplesmente maravilhoso, menina poeta. Parabéns por derramar poesia em abundância.
Carinho, Lu
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