Quando mais em greve,
não estou mais alforriada.
Alguém esqueceu de mudar essa equação
idiota que nos transforma em
quase nada, que nos achata diariamente
e nos amaldiçoa.
Meus diplomas são o meu orgulho,
os meus livros ainda são o meu bem maior.
É isso que sou:
Professora, sim senhor.
Quando mais em greve,
não me sinto mais leve.
O peso está dentro:
nas mãos amarradas,
na vida corrida,
na falta de respeito,
no peito aberto
e
ferido
pelo desconhecimento
de
tantos.
E eu não sou a única:
somos muitos, tantos,
somos aqueles que ainda teimam e acreditam.
Nós, sim, matamos um leão por dia!
Quantas escolas, colega?
Quatro para uma vida digna?
Quantos turnos?
Todos os três?
Non stop?
De manhã, de tarde e de noite?
Olhem para gente!
Olhe Senhor Governador!
Olhe Senhora Presidente!
Somos reféns do sistema?
Somos os pobres-coitados?
Somos os desrespeitados?
Não somos não!!!!!!!!
Que venha a próxima passeata.
Mais uma no meu currículo,
no meu interminável currículo
de luta sem anistia.
Mesmo sem direitos,
mesmo sendo um zero para a direita e para a esquerda
tenho ainda a poesia!
Karla Bardanza
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