Ela ficou parada olhando,
muda, sem ação
e o que via
tomava conta de toda
a sua alma, a deixava
em carne viva.
Subitamente,
ela se sentiu pequena demais,
fraca demais,
cansada demais
e
se afastou daquela intensidade,
sem se afastar.
O que via era como uma fotografia
tão perfeita,
uma palavra solta
caída de algum livro com
o nome do dono na capa.
E o que via, comia suas entranhas,
fixava-se dentro dela
e
transbordava como sangue
e
verdade.
Perto, tão perto,
e tão assustadoramente longe.
Foi ai que ela se sentiu menos mulher,
muito menos do que poderia ser
e
balbuciou alguma coisa
que nem consegue lembrar
enquanto tentava,
apenas tentava fingir
(mais uma vez)
Olhou dentro daquela visão
e
segurou a alma
e
mostrou tudo
sem mostrar nada:
ela não podia entender aquela dimensão,
aquilo que não podia tocar
e
com as mãos paradas,
esforçou-se e respirou,
esforçou-se
e
sangrou com classe.
Depois que seus olhos
estavam cegos com aquela luz azul,
saiu tateando as paredes
do coração,
saiu vencida
e
sem metáforas
que justificassem
a sua melhor ferida.
Karla Bardanza
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