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PENSAR É ESTAR DOENTE DOS OLHOS ( ALBERTO CAEIRO)


Não quero pensar.Não, hoje eu não quero pensar.Como disse Alberto Caeiro, pensar é estar doente dos olhos.Então, vou apenas ver o mundo e ouví-lo através das coisas que a minha vista cansada se esquece de ver às vezes.


Preciso agasalhar o sol dentro do bolso, contar as nuvens e os cardumes no mar, pescar as estrelas no céu e erguer as mãos para minha Mãe Lua, sentir, apenas sentir até esquecer quem sou no grande nada. Os olhos olham para dentro e para fora, buscando a memória das coisas que são mais que coisas, porque não penso, nem rotulo.Todos os nomes são apenas simples metáforas.Permito-me este desapego dos nomes, destas pequenas palavras que encobrem o milagre do tudo.


O tempo não cabe na minha verdade. Estou me autogestando, morrendo para viver mais uma vez. Voando sobre o abismo enquanto estou cheia de mundo. A minha plenitude me fascina e me faz despedir do pensamento. Ele não pode me conter mais: vejo. Não penso. Vejo, logo existo. Não quero sentar à mesa com Descartes, não quero esse mundo cartesiano. O sentido é tão maior, o sentido não pode ser definido.


Vou dançar com os Deuses e as Deusas e todas as coisas que não existem, existirão porque são sagradas, porque não mais penso, porque sinto-as pulsando diante de mim e de meus olhos que não estão mais doentes, e quando tudo for apenas nada, chorarei mais uma vez lendo Alberto Caeiro.







Karla Bardanza


Essa é mais uma das minhas prosas que está nos Fios do Infinito.










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