Tentei segurar a água,
prendê-la em minhas mãos.
- Tentei -
Tentei mantê-la
em minhas mãos abertas
enquanto matava a tua sede,
a tua incomum sede
por coisas que nem
sei o nome,
por coisas que talvez
eu também tenha sede
e
fome.
Não consegui prender
o que nasceu para ser livre
assim como os peixes
e o próprio tempo.
Foi tão rápido,
foi tão breve
aquele momento
que eu mal consigo lembrar
se bebestes toda a água
ou se a água bebeu
todo o mar.
Algumas coisas nascem
para fugir de nós,
para desatar nós,
para fluir sozinhas
no sempre.
Alegro-me pelo instante
em que a tive em minhas mãos
pequenas, em minhas mãos
que nada conseguem reter.
Alegro-me por ter tido
o que lhe dar de beber.
- engraçado mas meus lábios estavam tão sêcos naquele tempo-
Alegro-me por ter te oferecido
o que poucos podem ainda te oferecer.
Depois que toda a água tornou-se gotas
caindo na direção sem direção
e as minhas mãos estavam vazias,
entendi, entendi.
Fostes embora
e levastes aquela fonte
e as minhas digitais.
Não espero que voltes.
Guarde tua sede para ti mesmo.
Aqui só há um poço sem fim
e
nada mais.
Karla Bardanza
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Um comentário:
Lindo Karla uma beleza, não há palavras para atribuir-lhe, simplesmente amei. Obrigado Beijos
Maria José
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